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TRINNNN
Por Bluno Souza

“Trinnnnn", faz o barulho do despertador em seus ouvidos, alertando que são 5 horas da manhã. Após um "banho de gato", rasga um pedaço de pão e o empurra para o estômago com goles da sua mistura predileta: achocolatado com leite. "Trinnnn”, dessa vez o som é o sinal da descida do primeiro ônibus. Mais um "Trinnnn", dessa vez o ruído que o acorda de um pequeno e pesado cochilo, e também o que anuncia sua chegada à escola. Agora o "Trinnnn", é o que o avisa que está atrasado para a primeira aula.

    Entra em sala e escuta um maçante: "Peguem suas apostilas!", e sequencialmente dorme na primeira aula. Levanta a cabeça, olha em volta e percebe uma voz desmotivadora e pessimista que urra na frente da sala: "Se vocês não entenderam, não há mais nada a ser feito!”, afunda novamente a cabeça em seus braços e cochila, lá se vai a segunda aula. 

    Dessa vez nem se dá ao trabalho de levantar o crânio, apenas ouve um repetitivo grito pelo único ouvido que não está coberto pela touca do moletom: "Não vou explicar de novo!", e sucessivamente tira uma soneca no terceiro período. Só é acordado pelo "Trinnnn" do intervalo: seu momento favorito. 

    Volta para a sala e dessa vez não fecha os olhos, apenas encosta a cabeça na mesa rabiscada. Junta suas mãos e amassa algumas folhas do caderno, até ficarem em formatos circulares, e as lança na direção de qualquer um que estiver com cara de alvo. Posteriormente, arranja uma briga com o professor, por não concordar com o que o senhor que tem pose de ditador disse, e é obrigado a aguardar fora da sala o último sinal. 

    Finalmente, o sino soa e ele já pode se arrastar para pegar o ônibus que o levará para o lugar que o martirizará pelo resto do dia. Ao chegar ao local, vai para os fundos da loja se trocar. Se posiciona atrás do balcão e ouve uma voz rude berrar em tom irônico "Chegou cedo, não é?!", dessa vez não retruca como faz no ambiente anterior, simplesmente coloca um sorriso no rosto, vira para frente e suavemente diz: "Qual o seu pedido, senhor?". Depois de repetir essa frase incontáveis vezes e já não se aguentar mais em pé, sai de cena. Coloca seu boné, bate a porta e agora tem como teto a lua e as estrelas. Não tem mais o mormaço do óleo quente em volta de si, agora tem a brisa fresca de uma noite de outono.

   Chega em casa, deita e lê suas mensagens em seu celular. De fundo, há um exuberante som que se espalha pelo seu quarto, este são os gritos que vêm do quarto vizinho, o quarto de seus pais. Cobre a cabeça com o cobertor como uma criança que foge de bicho papão e se esforça para adormecer. Quando finalmente cai no sono, escuta novamente o "Trinnn”. O famoso "Trinnn" das 5 horas da manhã.

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