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CONTE-NOS SUA HISTÓRIA:
O tempo não pára
Por Thaís Zanetti de Sylos

O mundo sacode quinze minutos antes das seis horas da manhã. Os olhos esverdeados de Ricardo se abrem lentamente preparando-se para um novo dia. O processo de se arrumar é lento. Um copo de leite e pão é a solução para o café da manhã e combustível para o dia começar. Em uma hora e vestido a caráter com seu uniforme parecido ao da CET (amarelo e marrom), já está sob a segurança do Colégio Guararapes, escola particular da região do Campo Limpo. Encontra seus amigos: trocam lições, risadas, histórias. Leva ponto negativo por não ter feito a lição de casa, mas já se acostumou. É o último ano de escola, quem liga pra pontos de lição? Aliás, o tempo é curto demais para fazer essas tarefas.
 

    Presta atenção na matéria enquanto luta pra descobrir se falta muito pra aula de química acabar. Torce para que nenhum professor veja os fones grudados em seus ouvidos enquanto o reggae passa do fio para seu corpo.
 

    O sinal do meio-dia toca: aleluia! Abraça, troca cumprimentos e até amanhãs. Em dez minutos está dando voltas com a perua e depois do que parece ter sido uma volta pela cidade, chega em casa com o relógio martelando as doze horas e trinta e cinco minutos. Beija a mãe, cumprimenta a irmã caçula e segue o cheiro da comida até a mesa do almoço.
 

    Com a fome saciada, adianta seus trinta minutos de intervalo do trabalho para fazer o conhecidíssimo “Vários Nada”. Depois disso, levanta-se e vai trabalhar. Em casa mesmo. Seu trabalho como auxiliar de manutenção não exige que vá para um lugar específico, junto a seu pai, já que trabalham na mesma empresa. Senta-se num cantinho e lá vai restaurar cabos USB e carregadores. Se a preguiça bate, não tema, a mãe fiscal controla o período de labuta que vai até as cinco horas da tarde.
 

     Mais um momento de respiro durante o dia: um lanche reforçado e um banho bem tomado. Põe roupa de gente, pega as coisas e segue em frente: já há dezoito marcas no ponteiro. É hora da saída de casa para o curso. A música o acompanha durante o trajeto de quarenta e cinco minutos até a ETEC Takashi Morita, em Santo Amaro. O curso de Automação Industrial já foi melhor. Assistir à vídeos sobre Illuminati, entre as aulas ou no intervalo, não é nada estranho por ali. Também não é incomum a corrida atrás da bola, o futebol que faz os olhos de Ricardo brilharem. Um dos únicos momentos de distração!
 

    A escuridão toma conta do céu e quinze pras onze chega devagar e preguiçosa. Enquanto vai pra casa, Onze e Vinte, no relógio e nos fones. “Na boa, que cansaço!”. Tomar outro banho é questão de necessidade: é para relaxar e esperar pela gloriosa noite de sono que só começa depois da meia-noite. Esses pequenos momentos de descanso são os melhores. Tempo de se fazer jovem, de se fazer livre. Finalmente, Ricardo vai dormir, deixa a cabeça cair no travesseiro e sonha com uma vida menos agitada.

 

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