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As escolas brasileiras, em sua maioria, não alcançam resultados excelentes. Há falta de investimento na educação e, principalmente, no corpo docente. A profissão não é valorizada e a falta de respeito é enorme, o que cria uma grande incoerência: como é possível questionar a qualidade dos docentes se há falta de respeito mútuo? Alunos e professores não são preparados para lidar um com o outro e isso se deve ao sistema militarizado que é aplicado nas escolas. Entretanto, existe a pergunta: o que é um bom professor?

    Desde a infância, a educação é assimilada: primeiro, através dos pais e, depois, da escola, que nos prepara para a vida em sociedade - ao menos na teoria. Os (bons) professores são o canal por onde as informações passam e são transmitidas para os cérebros dos alunos, verdadeiras esponjas que absorvem todas as informações necessárias. "Ser um bom professor é ter amor ao que faz, tendo em mente que na sua sala não há apenas alunos e sim, futuros cidadãos", diz Joel da Silva Salvador, 27, professor de física e matemática pro Ensino Médio e Fundamental II, respectivamente, no Colégio Guararapes. Vinicius Sampaio, 18, estudante do 3º ano do Ensino Médio no mesmo colégio, acrescenta: "Um bom professor é aquele que te prepara para a vida".

    Entretanto, os meios com que a informação é recebida, ainda são muito ultrapassados. O modelo atual de escola tem fundamento militar. Os métodos de transmitir o conteúdo são antiquados e nem sempre os alunos se interessam na matéria por conta do modo com que ela chega. Utilizar métodos alternativos como música, slides e filmes para introduzir ainda mais a matéria é bem mais interessante. "Muitas vezes não se trata se o conteúdo é chato ou divertido, mas sim na forma como o professor apresenta o mesmo aos alunos, seja de uma forma divertida, como um filme, ou maçante como passar a aula lendo o capítulo de determinada matéria", diz Vinicius.

    Outro fator que desestimula o aprendizado é a inutilidade de certas matérias na vida real. Na sala de aula, falta essa ligação entre a teoria e a prática. As reclamações do tipo "quando usarei Bhaskara na vida?" não são raras. "Eu acho que em exatas falta muita praticidade, pragmatismo. Essa coisa de matemática ser muito distante da vida", exemplifica Mateus de Oliveira Rocha, 17, estudante de ensino médio na ETEC Guaracy Silveira e de ensino técnico em edificações no IFSP*. Além disso, há muita preocupação com notas e decorar matérias; "prova serve para avaliar o que você decorou, não o que você aprendeu." assegura Vinicius. Joel acrescenta "Gostaria de retirar planejamento, provas, trabalhos e etc. Focar só em aula, em só aprender."

    É importante também lembrar que a sala de aula não é o único lugar em que é possível aprender. Aulas práticas de laboratório criam um interesse muito maior nos alunos de química e sair para vivenciar as experiências é muito relevante para o estudo. Angela Veiga, 50, professora de Ensino Infantil pela Prefeitura de São Paulo desabafa: "A escola deveria ter mais liberdade para que pudéssemos usar ambientes que não são viáveis, como a cozinha para ensinar a diferença de frio e quente: como sorvete e bolo. Utilizar água e óleo e mostrar a diferença. Tudo de maneira prática. Os ambientes influenciam na riqueza do aprendizado."

    Quando há professores que buscam transmitir esse tipo de conhecimento, utilizam uma linguagem mais próxima da dos alunos, exemplificam com coisas do dia a dia, como explicar capitalismo através do personagem Homem de Ferro: é diferente e chama a atenção dos alunos, que provavelmente lembrarão do conteúdo por se aproximar de algo que é conhecido para eles, e não distante como a leitura de um capítulo didático. 

    Atualmente, a escola é resumida bem por Vinicius: "Escola é feita para criar trabalhadores, não pensadores", mas com professores que buscam essa mudança, e que influenciam os alunos a aprender de forma prática e criativa, os pensadores estarão mais visíveis, saindo debaixo das regras rigorosas que definem que a nota é mais importante do que o saber.

 

*Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
 

Educa Ação
Por Thaís Zanetti de Sylos

Thaís Zanetti de Sylos, 17 primaveras, virginiana maldita, pé no chão e cabeça nas nuvens. Distraída é pouco pra descrever! Presa no universo dos livros. Perde qualquer luta pra Katniss, nesfit ou bolinha de queijo. Tem sua vida resumida nas melodias de Imagine Dragons.

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