O filme americano denominado Corrente do Bem, direção de Mimi Leder, narra a vida de um educador, que durante suas aulas propôs um desafio aos seus alunos: estes deveriam desenvolver um trabalho com o objetivo de melhorar a realidade em que viviam. Entre todos, um de seus alunos destacou-se, criando um jogo em que uma pessoa, a cada gentileza recebida, tinha de retribuir para outras três pessoas, e assim progressivamente. A função principal era desencadear a bondade.
 

      A partir disso, pode-se surgir a pergunta: mas o que transforma ações generosas? O mundo, hoje em dia, pode ser visto, por alguns, de uma maneira hostilizada e ameaçadora. Entretanto, as pessoas, em sua maioria, querem ser envoltas de felicidade, saúde e segurança. Com isso, a experiência de gratuidade vivenciada em pequenos gestos de delicadeza e bondade teria uma força contagiante que levaria a uma mudança nas relações entre as pessoas.
 

    “A vida é um eterno aprendizado e nós somos agentes permanentes da mudança. Temos o poder para direcionar essa mudança para o mundo que queremos, e mobilizar as pessoas repassando nossos valores e crenças. [...] Entender as dificuldades de cada um e ensinar a forma correta de agir é deixar uma pequena parte do nosso coração para que essa pessoa cresça como ser humano e cidadão de bem.” declara Missaki Idehara, voluntário da campanha internacional Bike Anjo.
 

    Há diversas pessoas, movimentos e campanhas em que é possível espelhar-se. O Bike Anjo, por exemplo, é uma comunidade de ciclistas voluntários, apaixonados pelo esporte, que transmitem a importância da bicicleta no nosso cotidiano, através de mobilização social. A plataforma funciona assim: a pessoa interessada faz um pedido de recomendações de como adaptar a bicicleta em sua rotina. Depois, um Bike Anjo entra em contato para ajudá-la. Assim, após ser ajudado o indivíduo pode torna-se um Bike Anjo educador.
 

    Entretanto, há pessoas como a Brenda Ribeiro, 18, estudante de Direito, que tiveram a ideia de projetar um cursinho popular. No qual, estudantes ou formados em cursos superiores dariam aulas voluntárias à jovens de sua comunidade [Campo Limpo]. O curso seria um ciclo, em que as pessoas que aprenderam neste, ensinariam outras posteriormente. “[...] Minha mãe perdeu o emprego, meu irmão nasceu e eu deixei de ter alguns privilégios. Isso foi fundamental para o desenvolvimento da minha consciência social. Foi daí que percebi a diferença brusca entre o ensino público e o ensino privado e tive a ideia de posicionar os jovens do ensino médio para a inclusão em boas universidades de nosso país.” declara a adolescente. O projeto, no entanto, ainda permanece no papel para a finalização de sua organização. Contudo, a vontade da idealizadora é que o objetivo atinja grande proporção.
 

    As correntes do bem podem ser voltadas a quaisquer situações, com causas, consequências e maneiras diferenciadas de serem executadas. Estas podem ser direcionadas, especificamente, à crianças, jovens, adultos ou para todos. “[...] As crianças são como água, adultos como gelo e sempre é mais fácil colocá-los em  formas no estado liquido, sem formas definidas. O gelo pode derreter e ser remodelado, mas requer calor para quebrá-lo. Essa é a nossa dupla tarefa.” diz Missaki.
 

    Andressa Gomes, 18, participante do grupo voluntário Ato de Amor, realiza atos caridosos e empáticos para pessoas de qualquer idade. Em uma de suas atividades, a ideia é apenas ouvir as pessoas, desde situação rotineiras a lembranças, para que assim possam ser valorizadas. Isto sugere o semear de valores humanos, muito importantes para a convivência em sociedade.
 

    Para ser participante de um ato do bem, a ideia principal é que o indivíduo tenha vontade de aprender e ajudar o outro, de transformar os lugares e espaços.